13 de ago. de 2009

Fina Estampa - Além mar

Na abertura tivemos uma grata surpresa. Isa, frequentadora "habitué" do blog do Alpharrabio, que vive em Portugal viu a divulgação da exposição e escreveu o texto abaixo, que foi lido pela Dalila na noite.

Chita! Tinha saudades de ouvir esta palavra, já que o próprio tecido há muito desapareceu de cima dos tampos dos balcões de madeira das lojas de tecidos, onde aqueles senhores, de sorriso simpático, tinham sempre peças e peças para desdobrar e outras tantas para dobrar.
Com essas peças iam enfeitando as prateleiras de multicolor e impingindo aquele ou o outro tecido de menor saída a clientes menos costumeiras ou aconselhando aqueloutro que ficava na prateleira superior (assim como o preço), para aquelas “granfinas” que abancavam por ali todas as semanas à procura de novidades.
Na passarela das vaidades, só as sedas, puras lãs virgem, brocados, etc, etc, entravam. A chita não tinha cabidela. Esta era destinada às serviçais que mesmo no rigor dos invernos era o que usavam porque o “metal de troca”, quase invisível, não chegava para mais. Pudera, também nessa época havia necessidade de fazer algumas restrições para se poder andar de acordo como último grito da moda e as “dondocas” faziam-no à custa da exploração de quem trabalhava 18 por dia.
Conheço alguém que na sua mocidade, usou vestidos de chita. Eram feitos pela própria, sem nunca ter “andado à costura”. Noite dentro, roubando minutos preciosos às poucas horas de descanso, os vestidos rodados e bem vaporosos, ponteados à luz da candeia, ganhavam forma e em nada ficam atrás dos “modelitos” que apareciam nas revistas de figurinos da época.Hoje eu revejo-os nas fotos a preto e branco (guardadas numa caixinha de cartão) e comento com a mãe que nela, a chita transformava-se em seda natural e ela ficava parecida a uma estrela de cinema, ao estilo de uma Milú (nome artístico de Maria de Lurdes de Almeida Lemos) ou da Ingrid Bergman.

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